segunda-feira, 8 de junho de 2009

Encontro

Ooooi! Olha só, você por aqui a essa hora. Nessa rua, com esse vestido florido, provavelmente voltando daquele espetáculo no teatro. Aquele espetáculo de pessoas bem floridas e você naturalmente mais que todas elas. E, nossa, é tão bom te ver, rever, você sabia disso não? E sabia que também não poderia ter sido assim, que eu deveria ter atravessado a rua quando avistei de longe toda essa aura florida tamanha essa hora, tamanha essa rua. Eu te ver, tudo bem, mas você me ver.

Ver esse eu que afinal, não sou eu, eu, assim. Não o eu mais sociável que tenho. Um eu que parece ter voltado de uma corrida lá na Doca e de uma queda em uma corrida lá na Doca. Um eu que levou uma baforada de vento no rosto e no cabelo, após ter ficado bem atrás de um trio de homens gordos que fumavam e gargalhavam. Tanto suor e tanto cheiro enjoativo de fumaça e boemia mal acabada não são necessariamente eu.

É apenas um eu, um. Se passares lá no meu trabalho às 8h30, 8h40 de uma terça ou quarta e lá sim, estarei um eu muito mais sociável, socioaceitável, sentado na minha cadeira, envolto pelo ar frio da central, pela falta de ação da rotina. Mas, até lá, por que não esquecemos que você me viu?? Simplesmente esqueça, esse segundo encontro casual, pra que lembrar ou remoer essa imagem? É tão melhor.

Você esquecer que me viu e não perguntar se a recíproca será verdadeira. Porque provavelmente eu irei ser quase atropelado no mínimo três vezes até chegar em casa, olhando pro alto como se isso fizesse algum sentido ou efeito. Provavelmente você irá aparecer no meu sonho às 6h30, e eu irei acordar às 6h35, logo quando o navio iria zarpar pra Nova Zelândia, o nosso navio. E provavelmente eu sentarei na mesa de café da manhã com o ar abobalhado e encherei a xícara de café - apesar de ter parado de tomar café – para então me queimar pra valer com o café quente e pensar em como você estaria tão longe dormindo serena com esse seu rosto de “tudo bem, tudo bem”.

Pensar que você acordaria com esse mesmo rosto e cabelos cacheados do dia que conheci você às 10h com um puta sol de 10h e você numa espécie de golpe marcial-comportamental fazia o mínimo de vento que existia em um raio de 5 km bater bem no lado do seu cabelo, os cachos tremulavam e alguns poucos raios de sol revelavam seu rosto, sem excesso. Sem excesso.

Esqueça então, por favor, que por aqui está cada vez mais difícil de esquecer.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um outro alguém, quem sabe

Um pouco além, quem sabe,
é o necessário para alçar,
voo e volta que preciso, ou imprecisa pode até ser,

Ter porto de descanso, porta pra cura desse acanho,
... um outro alguém...quem sabe, saberia tão simples tanto fazer?

Se não eu que sinto, vivo e me aturo?,
na felicidade, na certeza e no inseguro
nos dias-que-dias de documentos e atenção,
olha o sinal,!, olha a mão,!, a direção,!
o futuro,..., furta o presente,
olha tudo e fica pra ti, não larga, não perde,
a vida é tanta e tanto queres,
e quanto precisas, ?, já nem sei,
um outro alguém,...quem sabe...,
Saberá dizer...

E o certo é o aguardo, a maré?,
ou com um tanto de fé e ilusão correr até chegar,
cair, limpar terra do rosto, levantar, pulsar.....(...).....ou será levitar,
leve ser e se esconder em si,
até o acaso escolher qual maré.

Um outro alguém, quem será....? sabe lá...
aqui, saberá mostrar......